18/01/18

Adeus a Louro por Antonio Lisboa.



Acabamos de perder Louro Branco - Francisco Maia de Queiroz.
Nasceu na Vila Feiticeiro, Vale do Jaguaribe-CE, morou em várias cidades cearenses, Mossoró e Caicó -RN, atualmente residindo em Santa Cruz do Capiberibe-PE.
Nos mais de cinquenta anos de profissão como repentista, Louro dedicou-se e honrou a arte do repente como só ele poderia ter feito. Transformou-se num dos maiores e admirados cantadores de todos os tempos, do Nordeste e do Brasil, emplacando um estilo próprio e uma criatividade pouco vista num ser humano.
Sua atividade na cantoria foi tão intensa e bonita, chegando a ser confundida com sua pessoa, suas qualidades e generosidade, de acordo com sua origem, exemplo de simplicidade e cidadania.
Era um desses guerreiros. Nunca injetou jornada de trabalho, fosse longa, pesada ou dificultosa. Sempre estava pronto para o oficio, fosse em um grande evento, numa feira, ou até num ato de lazer com amigos e colegas. Jamais fez seleção ou escolha de cantadores para suas parcerias. Enfrentou todos, das maiores referências aos menos reconhecidos e os encarou sem caráter competitivo, tratando todos com dignidade e respeito.
Sua produção poética se identifica com o público que tanto o aplaudida nas cantorias, nos festivais e nos mais diferentes ambientes onde se apresentou com aquele viola.
Deixa um legado enorme. São muitos poemas, canções, livros, LPs, CDs, DVDs e muitos outros trabalhos. Fica em todos os cantos e recantos, de boca em boca uma quantidade incalculável de estrofes, de sua autoria, decoradas nos seus inúmeros desafios de improviso, se utilizando dos mais diversos gêneros da cantoria (sextilhas, motes e modalidades), histórias e respostas ditas por ele onde andou, sem contar o que ficou perdido, que não deu pra ninguém registrar. É difícil numa roda de conversa entre poetas ou pessoas ligadas ao universo da cantoria, não se incluir Louro Branco e raramente não ter uma nova coisa deixada por ele em forma de verso ou de prosa.
É incrível! Louro Branco está na memória do povo, na História da cultura popular e vai continuar nas nossas lembranças, nossas vidas, vivo conosco. Antonio Lisboa.
Recife, 18 de Janeiro de 2018.

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