O vereador Marcelo Gomes reiterou este ano uma propositura sua feita em agosto do ano passado que "nos dias 23 e 24 de junho, datas dedicadas à celebração
do São João, a Prefeitura e a Fundação de Cultura e Turismo tenham a sua programação
marcada pela exclusividade da nossa música e da nossa dança em todos os polos da
festa junina de Caruaru, devendo, igualmente, usarem sua influência para mobilizarem os
órgãos de imprensa e a mídia eletrônica na promoção e divulgação somente nestas
datas de roteiros musicais juninos."
O vereador entende que a véspera e o dia de São joão é um marco da tradição nordestina. E justifica:
A ligação direta é com o ciclo do cultivo do milho e remonta a um Nordeste ainda rural, de vida sustentada basicamente pela agricultura. Gerações se sucederam e as lembranças dessa formação originária permaneceram vivas. Isso porque relembra a união das famílias, as proles numerosas e a vida simples "sem rádio e sem notícia das terras civilizadas". A festa de São João celebra, portanto, sentimentos seculares introjetados na sociedade caruaruense, como nas demais da região, que se constituiu a partir de uma fazenda de gado, situada à margem do rio Ipojuca, e, logo a seguir, em torno da pequena feira próxima à capela da Conceição.
Ou seja, uma comunidade erigida em suas bases de convivência em torno da terra,
dos animais de criação, da incipiente atividade comercial e, logicamente, sobre forte
influência da religião católica, fundamento da construção espiritual da povoação. Somos, então,
produtos de um Brasil interiorano, um Brasil Caboclo "diferente do Brasí das
Capitá". A tradição junina, neste alinhamento histórico, é forte, vivo e atual porque convertido em
memória viva. E o vetor principal dessa história revivida é a Festa de São João e, nela, a maior
expressão é a música, que puxa a dança e fixa em todos os sentidos das pessoas a evocação do
amor à natureza, às pessoas, aos santos e à comunidade.
Foto: Vladimir Barreto |
A proposta deste requerimento é que não se macule a programação musical
nos dias de São João, com atrações artísticas alheias à tradição do forró, do xaxado, do
coco, da embolada, da marcha junina e do baião. A ideia é de dois dias inteiros voltados para
a música de raiz embalada na voz e na execução dos artistas da terra e de convidados que
comunguem do mesmo sentimento de ligação com nossas origens mais remotas e mais
profundas.
Propõe-se que a Prefeitura e à
Fundação de Cultura e Turismo zele pela exclusividade da nossa música
e da nossa dança em todos os polos da festa, devendo, igualmente, usarem sua influência
para mobilizarem os órgãos de imprensa e a mídia eletrônica na promoção e divulgação somente
nestas datas de roteiros musicais juninos.
Gomes em seu requerimento explica que não tem nada contra outros estilos musicais.
"Não nos move o preconceito contra outras expressões musicais. Tão pouco
obrigar as pessoas a ouvir um único som ou um único estilo. O que pedimos é dois dias
específicos de celebração para o nosso gênero musical originário. O período de festas é largo o
suficiente para contemplar a proposta multicultural voltada para contemplar o gosto de todos os
públicos, inclusive, e principalmente, os jovens."
Para o vereador é necessário real valorização dos artistas que primam pelo estilo tradicional e original.
"São representantes de
uma construção histórica da Caruaru da comida de milho, da dança forrozeira e da música
imortal de Luiz Gonzaga, Marinês, Onildo Almeida, Janduy Finizola, Zé Dantas, Elba
Ramalho, Trio Nordestino, Azulão, Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro, Valdir Santos,
Dominguinhos, Sivuca, nomes destacados em uma lista infinita de grandes artistas que fazem,
entre nós, a tradição do Maior e Melhor São João do Mundo." Conclui o edil.
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