22/05/18

Cadê? Onde está?


UM PASSARINHO ME DISSE...






Em 2015 o Polo do Repente, durante os festejos juninos foi deslocado para o alto do Moura, ficando uma lacuna no São João de Caruaru, mais propriamente na estação Ferroviária. Esse ano um “passarinho” me disse que o espaço vai ser dividido com ações de forró, menos mal, tem haver com a festa afinal, mas talvez não seja um bom sinal, caso seja verdade, por exemplo: quais e quantos dias vão ser ocupados com atividades do Repente e do Cordel? 

Nos outros espaços onde já se tem forró, vai ser dividido também com Repente e Cordel? 

Espero que em anos vindouros eu não tenha que reeditar o cordel abaixo!



Em Caruaru é assim
Junho é animação,
Os três santos festejados:
Antônio, Pedro e João.
É festa religiosa,
Festejos em contramão!


Ao entrar pela Estação
Tudo bonito encontrei.
O espaço de Vitalino
Olhando me demorei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


Daí eu fui caminhando
Alguns passos a mais dei,
As artes figurativas
À direita contemplei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


Também o Mamusebá
Direitinho reparei,
Com muita arte e cultura
Ali eu me deparei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


Sem perder as esperanças
Um pouco mais caminhei,
E na Casa dos Artistas
O Valdez cumprimentei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


E bem ao lado, colado,
Muitas risadas eu dei,
Com as duas fofoqueiras
Mas eu não, não fofoquei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


O nosso “Papa” Popó
Lá de longe eu avistei,
Na porta da Igrejinha,
Lá também rezei, orei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


A Casa do Boi, do Pife.
Sim, também prestigiei.
E no Polo do Azulão,
Até mesmo forrosei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


Nos Polos Comedoria
Por lá eu pouco gastei,
Mas mesmo assim eu confesso,
Minha fome saciei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


E lá no Polo do Rock
Depois por lá passarei.
E no Polo Alternativo
Nesse sim, claro, entrei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


No Polo do Candeeiro
Um pouco também dancei.
De tudo que vi por lá
De fato muito gostei.
Mas o Polo do Repente
De repente não achei.


Foi num Polo de Forró
Que enfim sim, localizei.
Tudo junto e misturado
E também me misturei.
O novo local do Repente
De repente não gostei!


Repito, não gostei mesmo,
Daquela localidade,
Parecia mais, favor,
Ou mesmo uma caridade.
Foi um desconhecimento
Ou uma infelicidade!


Todo mundo viu e sabe
E se tornou realidade.
Foi um ato incongruente
E sem sensibilidade.
Ficou notório que foi,
Medida sem qualidade.


E foi logo nesse ano
Que em Caruaru se viu.
Opção atrapalhada.
O turista indeferiu.
E quem teve essa ideia,
Desagradar conseguiu.



Disse: “logo nesse ano”
Pois que foi feito um pedido
Pela classe cordelista,
Já está bem decidido,
E em debates nacionais
Muito bem compreendido.


Onde a ABLC
Em reunião, deferiu,
Tornar, cordel e repente,
-O IPHAN sim, logo aderiu-
“Patrimônio Cultural
Imaterial do Brasil”.


A retirada do Polo
Acreditem, vejam só,
O mau exemplo ocorreu
Na capital do forró.
Dos artistas populares,
Eu mesmo sinto é dó!


A partir desse momento
Passo agora a perguntar:
Quais foram os tais critérios
Para assim deliberar?
Outra pergunta intriga:
E o artista onde tá?


Por que ficaram calados,
Resolveram aceitar?
Por que ficaram quietos,
Resolveram aquietar?
Daí pergunto de novo:
E o artista onde tá?


Mês de junho é festejo,
É festejo popular.
É xote, forró, cordel,
Não se pode ignorar.
É propício dessa arte.
E o artista onde tá?

Precisamos do cachê
Sim, não podemos negar.
Mas a importância do Polo
Temos que valorizar.
O povo sempre pergunta:
E o artista onde tá?


E em 2018
Como tudo vai ficar?
O arrego vai repetir
Ou vão mesmo extirpar?
Evitemos a pergunta:
E o artista onde tá?


Embora eu ache mesmo
Que essa crise vai passar.
Com o próximo São João
Já estou mesmo a sonhar.
E que o Polo do Repente
De repente vai voltar!

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