Falar de Caruaru, de seu passado, da sua história é tarefa tão fácil para alguns, é até redundante para os boêmios historiadores da cidade, aqueles dos quais nunca publicaram sequer um artigo sobre a história do município. Recentemente têm se falado muito na história política da cidade, após a publicação de uma brilhante biografia do ex-prefeito Anastácio Rodrigues, mas continuam tão raras abordagens amplas sobre o emaranhado de fatos, acontecimentos e eventos que se misturam a vida política, cultural e social da cidade.
Tantos são os episódios desconhecidos da maior parte dos amantes e aficionados pela história da cidade, ninguém mais visita nossos documentos e registros de época.
Em 1958, cinquenta anos atrás o Diário de Pernambuco noticiava que Jango, Goulart e os Condé estariam em Caruaru para prestigiar a posse do recém eleito prefeito, João Lyra Filho, já doze anos depois em 1960, noticiava o Correio do Povo o apedrejamento de João Lyra Filho e Drayton Nejaim na Rua Preta.
E, dezesseis anos depois em 1976, o Diário do Agreste informava os leitores sobre acusação de assédio sexual contra o líder de governo do prefeito João Lyra Filho na época, o vereador Wanderley Oliveira. Cinco anos depois, no ano de 1981, ocorreriam dois fatos pitorescos em Caruaru registrados pelo Diário de Pernambuco, a Câmara de Vereadores rejeitava o título de "cidadão caruaruense" a Dom Hélder Câmara no ano de comemoração de seus 50 anos de sacerdócio, em uma votação da qual participou o atual vereador Leonardo Chaves, e naquele mesmo ano o vereador Fernando Soares (Lyra) lamentava a ausência do general Figueiredo na cidade.
Em 1986, o então prefeito José Queiroz ganhava as páginas do Jornal do Comércio fazendo duras criticas a Miguel Arraes.
Hoje comemoramos 161 anos, mas será que estamos olhando, refletindo sobre nosso passado, fazendo dele uma âncora para o futuro?
Para além da "retórica boêmia" de alguns, eu continuo a dedicar minha vida, meus estudos, a cidade que me acolhe desde meu nascimento, acolhe minha família desde os idos de 1870.
Caruaru, que foi objeto de minha dissertação de Mestrado. Tendo por recorte temporal, o período mais delicado de nossa história nacional recente, a Ditadura Militar.
A princesa do Agreste continua também como personagem principal no campo da história política, e dos nuances das elites locais em minhas pesquisas, e projeto de Doutorado.
É a você, minha Caruaru que não só dedico meus estudos e pesquisas, mas minha militância diuturnamente acreditando em uma cidade melhor para seus filhos e filhas.
John Silva é Historiador, professor, escritor, pesquisador, líder comunitário e suplente de vereador. Também membro do Movimento Acredito.
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